Todos os projectos têm como base o amor. Ou pelo menos deveriam ter. Aquele lugar quentinho onde é confortável estar, aquele sentimento que por tão simples ou tão complexo que é se torna tão difícil de definir. Este projecto Cão Rafeiro teve como base um grande Amor, um Amor por um Cão Rafeiro. Uma ligação tão bonita, tão mágica, que eu, comum mortal, tive o privilégio de vivenciar.

Corria o ano de 2004, ano em que perdi umas das pessoas mais importantes da minha vida, a minha avó materna. Das pessoas que mais me inspirou, aquela que me deixava naquele lugar quentinho, no Amor. No ano em que ela faleceu foi o ano que coincidentemente adoptei o meu Cão Rafeiro. E que “rafeirão” que ele era. Com dois meses chegou a casa com uma alergia no pêlo e muito magrinho. Bem, a verdade é que aquele rafeiro se tornou num lindo cão. Chorão, rebelde (estragou quase todos os móveis da casa) mas também meigo e companheiro! Era o cão mais simpático do sítio, adorado por miúdos e graúdos. Mesmo os que não conheciam os seus humanos, conheciam e sabiam o nome do cão!

Desde sempre foi o meu melhor amigo, não precisando de falar para eu saber que me guiava e que me amava genuinamente. Acompanhou-me “na saúde e na doença, até ao final dos dias da sua vida”. Era a minha sombra, não no sentido pejorativo da palavra, mas porque gostava de me lembrar que estava sempre comigo.   Quando faleceu por doença aos 13 anos uma parte de mim morreu com ele.

Esta não é de todo uma história triste, pelo contrário, é uma história de amor. Pura e incondicional como o amor deve ser. 

Somos brindados por amor ao longo da nossa vida e temos a sorte de trilhar o caminho com estes seres especiais que tratam o amor por tu e nos ensinam a simplificar, a empatizar e a aproveitar a vida com intensidade. 

Que possamos ser mais cães mas simultaneamente mais humanos. Que valorizemos o que realmente importa e menos o que não acrescenta.

Um bem haja a todos os seres humanos, canídeos ou outros que nos lembram diariamente o Poder do Amor*.

O vosso “Cão Rafeiro”.